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Da Estereotipia à Autorregulação

Você já presenciou seu filho tendo algum comportamento repetitivo e você não compreendeu o motivo? Por exemplo, um balancear incessante das pernas, girar objetos, estalar os dedos, ou até mesmo enrolar o cabelo repetidas vezes? Então, é muito provável  que você tenha presenciado a estereotipia.

      A estereotipia é caracterizada por todo tipo de comportamento repetitivo que não necessariamente apresenta uma intenção, e normalmente, é de enorme interesse da criança.  A estereotipia é uma das formas que a criança encontra como caminho para a autorregulação.

Segundo Withman a estereotipia serve como um tipo de mecanismo de filtragem para reduzir os estímulos externos que aumentam a tensão e a ansiedade. Essas respostas estereotipadas também podem ser emitidas quando o individuo encontra-se estressado ou experimenta um alto nível de excitação. Mas como um profissional pode auxiliar na diminuição da estereotipia? Como trabalhamos aqui na Clinica Religare para que nossos pacientes caminhem da estereotipia à autorregulação?

Quando a estereotipia ocorre durante os atendimentos, visando diminuí-las, o terapeuta ABA deve utilizar de técnicas de redirecionamento, que consistem em:

  • Quando a criança apresentar um comportamento estereotipado, o terapeuta deve intervir redirecionando a atenção do paciente para alguma tarefa ou atividade que a criança consiga executar com facilidade.

Nessa hora, o reforçador secundário entra em ação, a técnica consiste em ações que estão relacionadas à origem do individuo, desde seu nascimento até o momento atual da
vida, que por sua vez, estão relacionados a recompensas mais básicas, como afeto e elogios, que farão com que a criança emita mais comportamentos que devam ser reforçados, diminuindo a incidência futura da estereotipia.

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Depressão Infantil

Embora muitas vezes banalizada, a depressão é uma doença que deve ser levada a sério. Caracterizada por ser uma doença crônica causada por uma disfunção química que ocorre no cérebro, a depressão tem como principais sintomas: Sentimento constante de culpa ou inutilidade, pensamentos suicidas, distúrbio no sono, dificuldade de concentração, alteração na libido, baixa autoestima, alteração de peso, agitação ou apatia psicomotora diária, entre outros. Além do desequilíbrio químico/hormonal que ocorre no cérebro, a depressão pode ter outros gatilhos que podem envolver traumas na infância, doenças sistêmicas como o hipotireoidismo, uso de medicamentos (como anfetaminas), estresse físico ou psicológico e uso de drogas como álcool e cocaína. Durante muitos anos, mesmo antes do reconhecimento da depressão como uma patologia em si, já haviam muitos estudiosos (desde o período medieval) dedicando-se a entender melhor a origem de tais sentimentos e sintomas. Ainda assim, observando as diferentes instâncias de personalidade em crianças, os estudiosos da mente negavam-se a aceitar essa possível condição em crianças e adolescentes. Foi em 1621 que Robert Burton, acadêmico inglês, fez a primeira descrição conhecida do que seria a depressão infantil. Anos de estudo foram avançando, e por fim, em 1975 o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH) afirmou e reconheceu que de fato existia depressão não só em adultos, como também em crianças e adolescentes. Quanto a etiologia (o estudo da causa) da depressão infantil, nota-se principalmente a influência genética dos pais aos filhos, isto é, se os pais possuem a doença, há chances consideráveis do(a) filho(a) vir a desenvolver. Antes de prosseguirmos, faz-se necessário o conhecimento de alguns termos, dentre eles:

  • Depressão Menor: 2 a 4 sintomas por duas ou mais semanas, contando o estado deprimido e a anedônia (incapacidade de sentir prazer).
  • Distimia: 3 a 4 sintomas, incluindo o estado deprimido por no mínimo dois anos.
  • Depressão Maior: 5 ou mais sintomas por duas semanas ou mais, contando o estado deprimido e a anedônia.

Tendo esclarecido os termos, questionemo-nos: Quais são os sintomas que posso observar na criança para reconhecer a Depressão Infantil? Inicialmente é fundamental atentar-se às possíveis fobias, ansiedade ao se separar dos pais, irritabilidade, diminuição do apetite, agitação psicomotora, perca do prazer de ir à escola, brincar ou explorar o ambiente, entre outros. Além disso, é necessário atentar-se às queixas das crianças, já que por não terem uma noção “racional” do que está acontecendo, aceitam aquele sentimento como se fosse algo natural, parte de si. É necessário atentar-se à queixas como dores de cabeça, dores de barriga, pois muitas vezes são as formas como as crianças apresentam tais sintomas e sentimentos, de forma física, concreta. Já em crianças de seis a sete anos de idade já tendem a apresentar os sintomas verbalmente, como tristeza, tédio, irritabilidade, além de se isolarem, apresentarem apatia, baixo desempenho escolar, desejo de morrer, etc. É necessário principalmente atentar-se aos sinais físicos apresentados, já que algumas crianças são não-verbais. Nem sempre faz-se necessário o uso de medicamentos para as crianças, já que muitas vezes o acompanhamento psicoterapêutico e familiar trazem bons resultados. Entretanto, em casos mais graves, é necessário o uso de medicamentos. As crianças respondem muito mais rapidamente aos medicamentos do que os adultos, não sendo necessário manter o consumo por tanto tempo.  Alguns dos sintomas podem ser confundidos com déficit de atenção, TEA, ou até mesmo como uma simples fase do crescimento, onde o humor fica mais facilmente fragilizado. Por isso, é necessário atentar-se aos sinais e se notados, procurar ajuda profissional para que o quanto antes seja feito o início do tratamento.